Programa Catalisador do Brasil/Planejamento 2012-2013/Parcerias/Ação Educativa/Encontro 2013-02-22
Anasuya
editAnasuya apresenta-se: indiana, do movimento de mulheres, recém chegada no movimento wikimedia, responsável por organizar um programa de 'grants' focado na promoção dos projetos no 'sul global', focado em fortalecer os projetos wikimedia.
Dois anos atrás avaliou-se a presença ao redor do mundo e percebeu que não era tão grande. A wikipédia em inglês parecia uma árvore grande debaixo da qual outras não cresciam tanto e era necessário incorporar as vozes e diversidade das comunidade ao redor do mundo.
Detectamos grandes comunidades na Índia, Brasil e no mundo árabe, com grandes oportunidades, entendemos ali a fronteira do conhecimento livre.
A Fundação Wikimedia decidiu então criar programas piloto para ajudar as comunidades locais auto-organizadas. Ao longo dos dois últimos anos na Índia, descobrimos que é melhor ter projetos partindo da comunidade do que levar projetos próprios.
Atualmente, mudando de um modelo de equipes da fundação para equipes com parceiros locais, buscando sustentabilidade e continuidade que sejam mais fortes do que uma influência indireta estadunidense.
Parceiros que acessam comunidades a que nós não chegamos e que ganharão a comunidade wikimedia e isso leva-nos ao processo no qual a oona está trabalhando, prospectando organizações
Pergunta da Ação Educativa (AE)
editPode dar um exemplo de atividade que uma tal instituição organizaria?
Anasuya
editCIS (Center for Internet and Society) é uma organização na índia trabalhando com defesa de conhecimento livre, software livre etc, envolvido em projetos contra censura e em defesa da privacidade. A equipe da wikimedia na índia foi absorvida no CIS como uma equipe de acesso ao conhecimento. Eles vêem como estratégia global para os objetivos do CIS.
Eles oferecem uma 'casa institucional' para a equipe da wikimedia e ao mesmo tempo aproveitam o ambiente e dinâmica global da wikimedia para dialogar com outras instituições para adotar políticas de conhecimento livre.
Conseguiu falar com um dos estados da índia e convenceu-os a colocar uma enciclopédia oficial em domínio público que assim pôde ser assimilado pela comunidade wikimedia.
E assim o CIS também consegue mobilizar a comunidade wikimedia para sensibilizar-se e agir mais sobre questões políticas que afetam seu trabalho.
O importante é que faça sentido para ambas organizações e comunidades envolvidas.
Pergunta da AE
editNesse processo de instituicionalização, como vocês vêem o balanço entre movimento e instituição?
Rodrigo
editA wikipédia sugriu e a partir do trabalho nela, para dar-lhe sustentação, formou-se a fundação.
A partir daí houve o reconhecimento do projeto como um movimento.
A instituição é um elemento do movimento.
A comunidade não depende da fundação, há outras organizações de suporte, como capítulos e temáticas.
A fundação dá apoio ao movimento, mas não conduz o processo.
Alexandre
editA fundação surge em 2003, três anos após o começo dos projetos, mas apenas para manter a pate técnica dos sites funcionando.
Em 2008 ela reconhece que tem recursos e há interesse da comunidade para uma atuação em promoção dos projetos ao redor do mundo.
AE
editE a ação política vem desses capítulos locais?
Anasuya
editNós somos muito cuidadosos com isso, pois representamos um movmento global.
Mas ano passado houve o processo contra as leis SOPA/PIPA que foi mobilizado pelo movimento.
Um dos principais projetos é uma enciclopédia e um dos pilares do movimento é a imparcialidade.
Globalmente, nos posicionamos contra qualquer coisa que seja uma barreira ao conhecimento livre, mas não vamos além disso.
Mas localmente as comunidades às vezes engajam-se em outras questões.
Como é uma coalisão de várias organizações e comunidades ao redor do mundo, o foco primário da fundação é apoiar essas comunidades através de engenharia - tecnologia - e distribuição de recursos via 'grants'.
As instituições do movimento são uma fatia muito fina mesmo das comunidades locais.
Pergunta da AE
editO projeto principal é a enciclopédia, mas quais são esses outros projetos?
Rodrigo
editInúmeros, há o arquivo de mídia livre chamado Wikimedia Commons, textos publicados em domínio público vão para Wikisource, Wikilivros serve para manuais e recursos educacionais, de manual para software livre a livros de história, o dicionário livre é o Wikcionário, segundo de maior sucesso em português, há um para citações Wikiquote e outro para guias turísticos chamado Wikivoyage, que permite contribuições menos estruturadas que a wikipédia. O Wikispecies trabalha para catalogação de espécies.
AE
editE mapas?
Abdo
editOpenStreetMaps, no brasil MapasLivres, está integrado ao movimento wikimedia, tanto em compartilhamento dos recursos como integração do conhecimento gerado.
Rodrigo
editE há também a Wikiversidade, um dos de maior potencial.
Abdo
editÉ uma plataforma para documentação do diálogo e construção de conhecimento em apoio a grupos de estudo, grupos de pesquisa e sala de aula.
Rodrigo
editHá as atividades offline, como Wiki Loves Art/Monuments, maior concurso fotográfico do mundo.
E projetos como o Wikipédia na Universidade.
E dialogando com escolas, trabalhando com jovens, sempre com uma postura de que todos são iguais na produção do conhecimento. A maior parte dos editores no Brasil são e começam jovens.
Pergunta AE
editUma questão a mais, eu entendo que o movimento seja centrado na informação e conhecimento, com uma bandeira política centrada na questão do cohecimento livre. Quando falam de comunidades, vocês têm e vêem algum trabalho com atores e setores sociais? Por exemplo, se são jovens a grande maioria, isso é estratégico, ou isso é assim?
Oona
editDificuldade de focar a atuação junto a algum setor específico. A diversidade do movimento puxa pra vários lados.
Desde voluntários que defendem trabalhar com a 'elite intelectual', com foco no conhecimento de qualidade, até o outro extremo onde todos nós temos conhecimento para compartilhar e é a cultura da colaboração que pode mudar e permitir compartilhar conhecimento de forma ampla.
Surpreendentemente, essas direções dentro do movimento se combinam e colaboram, por vezes disputando atenção, mas não espaço.
Eu por exemplo queria muito aproximar idosos e aposentados, mas a wikipédia é um projeto difícil de entrar, então pode ser um tiro no pé trazer pessoas com dificuldade para começar por ali.
Outra coisa é que a Wikimedia Foundation não é uma instituição de caridade ou de mobilização para outras questões sociais. Há colaboração com outras causa, mas de forma geral o escopo é conhecimento livre.
Anasuya
editProduzir o conteúdos dos projetos apoiando as comunidades para colaborar sobre esses conteúdos.
Apoiar conteúdos específicos, temáticos e ligados a outros movimentos, que mobilizam a nossa e outras comunidades para produzir conhecimento livre em áreas críticas.
Por exemplo, no meu caso, tenho muito interesse em comunidades de mulheres, que são pouco representadas entre os editores dos projetos Wikimedia.
Outro exemplo é um projeto sobre medicina e saúde, por exemplo, construir comunidades que produzam conteúdo nas línguas locais, mais e de maior qualidade.
Ou contribuições para os projetos anglófonos, mas vindos de países de todo o globo.
AE
editMas é uma questão política a forma como vocês produzem conteúdo de uma forma aberta e colaborativa.
Anasuya
editSim, definitivamente, é a maior questão política. Nós só não dizemos muito por aí haha.
Rodrigo
editA Wikimedia Foundation não age socialmente, mas se voluntários tem um foco social no seu trabalho de conhecimento livre ela virá a apoiar esse tipo de ação.
Oona
editAgora vamos ouvir um pouco do outro lado, da AE.
Depois talvez os demais da comunidade wikimedia, que já estão participando espontâneamente, podem se apresentar um pouco mais.
Anasuya
editO que foi que atraiu vocês para esse diálogo proposto pela Oona
AE
editAção Educativa nasceu na década de 90 a partir de uma das primeiras ONGs do Brasil. No início dos anos 70, que era uma organização ecumênica, que encerrou-se produzindo filhos, que surge no período mais duro da ditadura militar no Brasil.
Anasuya
editLigada à teologia da libertação e afins?
AE
editIsso.
Começamos trabalhando com as counidades de base de igreja, mas a partir disso multiplicou-se com sindicatos, movimentos sociais, movimentos de mulheres e do trabalho etc.
Central Ecumênica de Documentação e Informação
Quando começamos a trabalhar com outras organizações, tomamos a decisão de fechar essa organização e criar quatro novas, uma delas é a Ação Educativa, que tomou duas dimensões, da juventude e educação, e nos últimos dez anos incorporamos também cultura.
O que há de comum é uma origem histórica numa ideia de educação popular. Significa coisas muito parecidas com o que estávamos discutindo inicialmente, onde o conhecimento é um conhecimento que parte do princípio que todas as pessoas tem conhecimento e que ele é distribuído de maneira desigual.
Mas ao mesmo tempo existe um conhecimento que está diretamente relacionado à cultura das pessoas. Portanto qualquer ação de educação, cultura e juventude parte do princípio que vamos trabalhar com pessoas, com seu conhecimento e sua cultura.
Esse é o ponto de partida.
Uma segunda dimensão é a dimensão política, que não é separada da dimensão de conhecimento, mas que eu quero destacar agora.
Assumimos que qualquer mudança social deve envolver as pessoas interessadas naquela mudança. Por isso a importância de trabalhar com grupos sociais, pessoas etc. Com um pé na comunidade.
Mas também não assumimos ingenuamente que o mundo da política é um mundo somente a partir da base e que, portanto, precisamos atuar sobre políticas públicas.
Portanto, temos essa tripla dimensão: pessoas, conhecimento e política.
Assim, no tema de educação, operamos nas políticas públicas mas temos um pé na escola e na base do sistema escolar.
Ao mesmo tempo, sabemos que o conhecimento historicamente acumulado é um conhecimento importante e deve estar disponível para todas as pessoas. Nem todo conhecimento vem da base, existe a ciência e outras estruturas.
No caso da juventude, nosso foco principal é fazer com que as políticas públicas a seu respeito tenham eles como atores, que participem das suas próprias políticas.
Na área da cultura, muito brevemente, dar espaço para uma cultura que a mídia 'oficial' não dá, ou seja, a cultura da periferia, que brota das comunidades mais pobres de são paulo, que chamamos de periferia mas refere-se às culturas mais populares. Nosso papel principal é torná-la visível.
O centro dessa história, já encerrando, pra demonstrar o trabalho de cultura, aqui como em várias partes do mundo você tem o 'time out', o que que rola na cidade saindo nos principais jornais etc. Tradicionalmente são as buscas da classe média e alta. Nós produzimos uma agenda da periferia que mostra o que está rolando na e pela periferia, mas que nunca figura nessas apresentações.
É isso, muito brevemente, as três áreas em que trabalhamos.
Anasuya
editUma primeira coisa que quero dizer: posso vir trabalhar pra vocês?! ;D
Vejo muita convergência nesses pilares entre pessoas, conhecimento e política.
E que no nosso caso, a questão política está ligada a tecnologia, acesso e governança.
E a questão que estamos tentando resolver juntos é a questão do conhecimento, conhecimento de quem?
AE
editEssa nossa raiz muito ligada à educação popular, Paulo Freire, um outro ponto para listar é esse nosso investimento em articulações, fóruns coletivos, fortalecendo um campo de organizações e não em questões particulares.
Essa proposta que vocês abrem a possibilidade de diálogo envolveria o conjunto da nossa instituição, as três áreas. Essas divisões são apenas para organização do trabalho, mas há o conceito que integra tudo.
Trabalhamos por triênios, planos trienais. Esse triênia com início agora, 2013, um dos objetivos é aprofundar o conhecimento e relação como uso de novas tecnologias, como parte do nosso projeto político de democratização.
Nosso programa Observatório de Comunicação lidera essa linha de relações com as novas tecnologias. Algo que extrapola educação e envolve o conjunto da instituição.
Várias possibilidades do ponto de vista de formação, mobilização, de recursos educacionais abertos, estamos bastante envolvidos na implementação da lei de acesso à informação.
Possibilidade, retomando agora o que está no documento. Todas as ações integram nosso plano trienal que começou agora. É um desafio para nós construir parcerias que nos permitam avança nessa perspectiva.
Articulando com nossa tradição de educação popular.
Oona
editFoi bom termos ideias gerais de convergência e agora podemos ir para questões específicas.
AE
editA AE como instituição sempre usou a questão das tecnologias a favor da sua agenda política. Desde os primórdios da Internet apostamos nisso como instrumento para atingir mais pessoas.
Também com uma preocupação com a tecnologia como possibilidade de autonomia, temos nossos próprios servidores etc.
O que é interessante mas sempre uma dificuldade de manter a infraestrutura.
Nessa perspectiva o software livre também é uma preocupação, apesar de nao usarmos exclusivamente, temos uma preocupação de educar as pessoas e formá-las para utilizar.
Ainda sobre questão de ferramenta, sempre chegar ao maior número de pessoas com debates e seminários, disponibilizando streaming etc.
Sobre o plano trienal e o observatório, de novo como estratégia de toda a instituição, a linha de ação do acesso à informação e recursos educacionais abertos, envolvidos em algumas redes, na ConSocial - conferência sobre controle social e transparência - e também na Parceria pelo Governo Aberto (OGP) que está sendo co-liderada pelo Brasil e EUA.
Outra agenda com interface no observatório é a reforma da lei de direito autoral, fomos chamados a integrar o grupo com mais atividade para adensar a questão da educação, pois havia foco excessivo na cultura.
Sobre Recursos Educacionais Abertos, trabalhamos juntos com essa comunidade, iremos agora à tarde discutir o veto do projeto de lei pelo governo do estado.
Por fim, há um trabalho com visualização de dados educacionais, para abrir esses dados e transparência nas escolas - que também nao foi sancionado pelo governador - mas ao mesmo tempo fazer algo com os dados já disponíveis. Amanhã teremos um 'hackaton' com jornalistas e desenvolvedores para trabalhar nesses dados.
Rodrigo
editREA is a partner with Wikimedia, we're all friends and worked together, we're all part of our big mess.
AE
editAtividades para compartilhar REA e ensinar as pessoas a utilizá-los.
A comunidade REA é forte e há pessoas que sabem bem desssa agenda, mas a maioria dos professores não sabemos do que se trata.
Nossa parceria é na direção de divulgá-la e não de reiniciar a agenda.
Algumas informações sobre a instituição.
Prédio foi comprado com recursos de algumas agências de cooperação, para os escritórios da AE e um centro de eventos.
Compartilhamos o prédio com outras três organizações: fórum social mundial, agenda pública, brasil sustentável(?).
Por aqui passam muitos movimentos sociais, muitas organizações reúnem-se aqui, é um espaço com uma vocação pública.
Somos um ponto de cultura que vários grupos da periferia do extremo leste e extremo zona sul do que irem de uma zona para a ourta.
É um prédio grande, de oito andares, com um custo alto pra manter, ainda que amortizamos com os projetos, porém essa vocação dá uma estabilidade para o funcionamento da instituição. Estamos aqui desde o ano 2000.
Temos auditório e várias salas para encontros.
Desafios atuais tem sido eventos com transmissão ao vivo. Estamos começando a utilizar um sistema adquirido. Há a questão da acessibilidade para deficientes visuais ou auditivos durante a transmissão.
50 funcionários, orçamento de 3.5 milhões por ano, em torno de 43 projetos com 23 fontes de financiamento, dos quais dois ou três doadores instituicionais - os demais para projetos.
Desafio que a maioria dos projetos sao de um ano, curtos, então como sustentar estratégias de longo prazo. Como avançar com fontes que cada vez diminuem mais, e o tempo.
Outra coisa é que há financiamento para questões focadas numa comunidade local, mas mais dificilmenet para atuações mais políticas e para discutir as condições globais do país.
Mexemos também com temas conflitivos, nosso foco é o debate sobre desigualdades e incidência sobre ela. Prisões, racismo, sexismo e outras agendas, financiamento da política, agendas que não encontram muito apoio no Brasil.
Rodrigo
editQueria entender o relacionamento de vocês com a Fundação Casa.
AE
editPartindo do Estatuto da Criança e Adolescente, que transformou o tratamento de jovens pobres em conflito com a lei.
Uma das conquistas são as medidas socio-educativas. Nós entramos através de um edital pública para organizações candidatarem-se para desenvolver as atividades de arte e cultura - capoeira, graffiti, literatura, teatro - dentro da Fundação Casa, responsável por tais medidas.
Já tínhamos um trabalho forte de arte e cultura com a periferia, e quando abriram esse edital fizemos muitas reuniões entre eles e com outras organizações ligadas a criança e adolescência, para entender se era apropriado participar desse edital. Pois víamos a Fundação Casa como ela mesma violadora dos direitos do ECA.
Acabaram decidindo participar, criando um conjunto de procedimentos com essas outras organizações e o ministério público, para servirem como observadores da instituição. Além de levar uma proposta pedagógica esclarecida, que estimula os jovens a se comunicarem, adquirirem voz e questionamento.
Defendemos que as organizações da sociedade civil insistam no controle social dessas instituições. Quanto menos entrarmos mais as violações transcorrerão inalteradas. É preciso uma presença multi-institucional.
É uma disputa. Mesmo tendo um convênio para contratar 40 arte-educadores para fazer essas atividades, quando presenciamos um caso nós formulamos uma denúncia contra a Fundação Casa. E esse tipo de disputa não se faz sozinho, mas com outras organizações articuladas.
Anasuya
editEstou ciente do horário, mas não sintam que esta é a única conversa que teremos. É um início para aquecer um diálogo contínuo.
Eu posso ver tantas possibilidades para parcerias, mas preciso perguntar a pergunta mais difícil: o que vocês mais temem de uma parceria?
AE
editNós podemos perguntar o mesmo! Mas o mais importante para nós é ter horizontalidade nas relações, de ter a possiblidade de trocar experiências.
Quando não há isso e você precisa ocultar coisas, é quando surgem os problemas.
Quando temos uma organização de outra natureza, como uma organização empresarial, é difícil lidar, eles estão pensando em atingir a mídia.
Mas normalmente nós não temos problemas, proque quando queremos trabalhar juntos é porque resolvemos essas coisas antes.
Não nos associamos sem discutir valores e a forma de trabalhar.
Anasuya
editRespondendo pelo que nós pensamos, em termos de horizontalidade eu penso que é um ponto muito importante.
Uma coisa que vejo como a fundação e que desejo pra sua condução, é a construção de relações muito respeitosas, flexíveis e inovadoras com as comunidades e outras organizações. Não impondo o que pensamos à distância.
Para dar um exemplo, uma das coisas sobre como o movimento funciona, é que suas decisões são tomadas numa wiki.
Uma coisa que queremos fazer é que um projeto como esse seja desenvolvido pelo parceiro e a comunidade, juntos, em público e revisto pela comunidade.
Então seria resumido e inserido no portal da fundação, o meta, para todo o movimento. E então, baseado nesse processo, a fundação cederia os recursos.
Porque para nós o mais importante é a comunidade estar envolvida em criar esse vínculo.
Para nós, o planejamento começa aqui e não de São Francisco (onde está o escritório da Wikimedia Foundation).
Isso tudo é um trabalho em progresso e somos novos também como time de distribuir 'grants', mas eu entrei na funadção para criar um programa de apoio a atividades que seja baseado na comunidade.
Uma possibilidade é criar uma 'grant' de parceria baseado nesse plano revisto pela comunidade, e que se vocês quiserem prosseguir com esse plano daqui a um ou dois anos, o plano seja feito passando diretamente pela comunidade.
A ideia é que potenciais parceiros não estão familiarizados com o movimento wikimedia de modo mais geral, então vamos facilitar para que trabalhem com seus outros parceiros locais ao invés de operar diretamente com a comunidade global. Para depois inserí-los numa relação direta com o processo global.
AE
editE a comunidade global aceita esse processo só da comunidade local?
Anasuya
editParte do nosso aprendizado é passar de nenhuma participação local, para alguma participação local.
Então o que aprendemos na Índia é que participação local é vital.
E a comunidade global não se incomoda com a participação local e sim que sejam informados e estajam a par do que está acontecendo.
Assim pensamos esse processo de iniciar com uma dinâmica puramente local, para conduzí-los aos procedimentos globais.
Sobre a questão com as empresas, a questão com a wikimedia é o extremo oposto dessas, pois nossa atenção está voltada para o trabalho nos projetos. Os voluntários muitas vezes não estão interessados em publicidade.
Por causa do imenso valor da marca, muitas vezes pode-se ter publicidade demais, de tipos indesejáveis ou a que não se tem condições de dar uma resposta.
Anasuya
editOutra questão é, como vocês vêem a sustentabilidade desse processo? Ao longo do tempo, se a comunidade abraçar os projetos. A AE teria a visão de apropriar-se dessas atividades e processo?
Rodrigo
editVocês poderiam enxergar as plataformas wikimedia como de vocês? Por exemplo, esse material que vocês distribuindo, vocês podem ver nas plataformas Wikimedia?
AE
editDe fato esse material nós estávamos discutindo que poderíamos colocar na plataforma!
Não quer dizer que temos uma identidade com a marca da wikimedia, mas nós vemos um monte de oportunidades. É um pouco cedo mas trabalhando juntos nós vemos que compartilhamos valores, temos identidade em muitas ideias, é uma oportunidade e penso que podemos construir um processo sustentável.
A Ação Educativa é uma marca forte também, não globalmente, mas temos força como organização, podemos organizar atividades juntos e nós queremos isso.
Talvez seja bom vocês saberem que nós já rejeitamos parcerias e doadores, temos um conjunto de princípios e marcos, cada possibilidade de parcerias são discutidas a partir desses princípios. Não vemos isso como compartilhar uma salinha, pois isso iria contra nossos princípios.
E essa parceria presente dialoga muito com nosso processo institucional, e será algo do qual nós poderemos aprender e compartilhar muito.
Anasuya
editNós vamos aprender.
AE
editOutra coisa que podemos aprender é sobre a tecnologia, pois nós não sabemos como fazer muitas coisas, dos processos colaborativos online. É algo com que nos identificamos muito mais ainda não temos, e estamos muito interessados em ter.
Na outra ponta, estamos muito interessados em difundir o movimento para outros espaços que não estão identificados com o movimento ainda.
Anasuya
editFico muito feliz, pois queremos trabalhar com parceiros que tem alinhamento de valores, mais que projetos.
E vejo muito como comunidades aprendendo umas com as outras e expandindo-se.
Então o que sugiro como plano de ação, agora que temos esse primeiro passo de covnersa, pensar um pouco nisso e voltar em duas semanas para uma conferência em áudio, e conversar mais sobre praticalidades.
AE
editPara retomar o processo, vocês vão também conversar com o Coletivo Digital, né?
Nós estamos querendo falar com eles há algum tempo.
Então, se puderem pensar, ao invés de alternativas, como uma coalisão.
Anasuya
editEu já estava pensando nisso na minha cabeça!
AE
editEles são mais ligados ao mundo online, nós temos mais experiência no offline.
Anasuya
editE se tiver alguma questão que vocês queiram tratar, pela limitação da língua, podem me escrever para que possa preparar uma resposta com clareza.
E quando formos discutir recursos, sei que conversas sobre dinheiro podem ser desconfortáveis, mas não deve ser, deve ser respeitosas.
AE
editApreciamos essa postura.
Anasuya
editComo ativista, sempre fui inspirada pelos movimentos no Brasil. Há uma razão pro Fórum Social Mundial começar aqui.
Então é uma alegria poder trabalhar com vocês.
Obrigado, foi muito importante e inspirador!